quinta-feira, 28 de julho de 2016

Delicioso!


Consulta em Lisboa, trânsito demasiado lento para quem leva o tempo contado, chegámos em cima da hora, assim que entrámos no edifício da consulta macaquito dirigiu-se ao balcão e falou bem alto.
-Bom dia, sou o macaquito e já cheguei! - gargalhada geral e uns quantos comentários divertidos dos poucos funcionários que não aderiram à greve. Fomos atendidos em menos tempo do que o expectável e a consulta correu demasiado bem até ao momento em que se ofendeu com a médica porque, segundo palavras dele, não é bonito bater nas pessoas com o martelo (de reflexos).
Fomos até ao Vasco da Gama, como combinado com ambos, caso se portassem bem. Ao chegarmos lá perguntou-me há quanto tempo não ia ali, respondi-lhe e ele assentiu com a cabeça sem perceber que o estava a gozar, depreendi isso mesmo no segundo seguinte quando se dirigiu a um grupo de pessoas que ali estavam à espera de qualquer coisa ou de alguém.
-Sabem há quanto tempo a minha mãe não vinha aqui? - as pessoas olharam-no surpreendidos pela pergunta, sorriram-lhe e ele continuou. -Desde a última vez!
Ele seguiu caminho com um sentimento de missão cumprida e eu segui dois passos à frente com macaquita para não me rir do ar embasbacado de toda aquela gente.
Fomos a umas quantas lojas e numa delas, resolveu tecer uns quantos elogios a uma funcionária bonita, novinha e demasiado maquilhada, ela sorria e brincava com ele.
-Sabes, tens um baton muito cor de rosa.
-Pois tenho, gostas?
-Gosto mas devias tirá-lo!
Demasiado honesto mas desta vez nem se portou muito mal, duvido que as outras pessoas sintam o mesmo mas eu acho-o simplesmente delicioso.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Ampulheta

Quarenta e oito horas para matar saudades, não obstante a permissão para que partilhassem os lençóis comigo ganhando assim algum do tempo perdido, não consegui matar quem me matava. Soube a pouco mas deu para tanto, deu para banhos na piscina, para quedas seguidas de sustos e galos que não cantaram curados com sacos de favas congeladas da horta do avô, deu para asneiras com terra pelo ar, uns quantos ralhetes do pai, que a mim faltam-me as forças e a vontade quando estou tanto tempo sem os poder abraçar. Quarenta e oito horas de pés descalços, pretos que nem carvão até à hora de deitar, faltam menos de cento e vinte.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Avó modernaça

-Mamã, fui à festa com a avó.
-E divertiste-te?
-Sim mas o senhor dizia muitas asneiras.
-Asneiras?? (Glup)
-Disse cuzinho e cantou a música do pipi e outras.
Conhecem Manuel João Vieira (Irmãos Catita, Ena Pá 2000, etc)? Pois, Macaquita agora também!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Macaquito o rabugento

-Bom dia mamã.
-Bom dia filhoco, como estás?
-Estou bem, já comi.
-Ainda bem, assim não ficas rabugento. - digo eu referindo-me a uma birra de uma manhã destas, em que me fez queixa do avô, que não lhe dava comer, quando na verdade o pequeno-almoço estava à sua frente e ele não tinha reparado.
-Ontem à noite na hora de dormir é que estava rabugento.
-Porquê? -perguntei na expectativa de mais uma queixa rocambolesca.
-Ah pois, esqueci-me de dizer quando telefonaste que estava rabugento. 
-Sim mas o que aconteceu para estares rabugento? 
-A minha garganta estava dorida.
-Tadito do meu pequenito mas hoje já estás bom, parece-me.
Entregou o telefone à avó sem me responder ou sequer se despedir, a avó explicou-me que ele não tinha nada, só queria atenção e entretanto passa o telefone a macaquita que me diz antes de qualquer outra coisa:
-Sabes mãe, o  mano não estava rabugento, ele não tinha a garganta mal-disposta.
 

terça-feira, 19 de julho de 2016

Lógico

Perguntou-me se o carro estava melhor e despachou-me em grande velocidade. Macaquita compensa-me em palavras descrevendo tudo que estão a fazer, no final peço-lhe que passe de novo o telefone ao irmão.
-Que foi mamã? Agora estou a brincar, não posso falar.
-Só queria que me desses um beijo.
-Pois mas o telefone é preto e tem um vidro, não posso dar um beijo para não o estragar.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

E a festa?

A festa foi boa apesar do calor, gostava muito de vos mostrar os cupcakes temáticos mas ficámo-nos pelos balões coloridos, espalhados aleatoriamente pelo telheiro cedo demais e que por esse motivo foram rebentando numa cadência pouco regular, no fim foi só tirar os cordéis. Os doces foram todos feitos por mim e pela aniversariante que me ajudou até à meia-noite da véspera, confesso que metemos o dedo em tudo o que era massa e lambemos, mais que uma vez. Os salgados caseiros foram trazidos pela avó e feitos pela mão de uma mestra cozinheira, que não é a avó, que essa tem uma certa alergia à cozinha e ainda bem. O bolo era de chocolate, cor de rosa e azul, ajustámos a duas mãos o tom de rosa até ela me dizer que estava perfeito e o azul era o que eu mais gostasse, as pequenas Lalaloopsy em jeito de Alice in Wonderland rodeadas de purpurinas e corações foram o adorno final e que fez com que este fosse "o bolo mais bonito de sempre". Os rapazes mais traquinas carregaram camiões de terra na horta que espalharam por todo lado, inclusive na piscina que ficou com um saudável tom acastanhado. As miúdas divertiram-se e gargalharam histéricas como só as miúdas sabem fazer. Na hora de cantar os parabéns, Macaquito cumpriu a promessa de há já três dias e cantou os parabéns dentro da piscina e quando todos terminámos chorou desalmadamente, o que também já faz parte do espectáculo. Para terminar o dia já no outro dia que a festa durou até depois da meia-noite, Macaquito fez-se valete e decidiu que todos os carros parqueados dentro do portão tinham de sair pela ordem que ele bem entendeu, daí a começar a mandar as pessoas para casa foram dois segundos.
-Ó Fernando tens de ir embora que o teu carro está no fim da fila e eu tenho de ajudar a fazer a manobra.
-Macaquito, não se manda as pessoas embora, isso não é educado.
A muito custo lá consegui arrancá-lo do pé do portão onde, nos intervalos da sua tarefa de desarrumador de carros, dizia graçolas a rimar que faziam rir os que sentados na soleira da porta do bisavô apanhavam a primeira brisa fresca da noite. Levei-o para dentro e já não lhe consegui dar banho, lavei-lhe os pés até aos joelhos que estavam pretos como carvão e adormeceu em menos de 30 segundos, enquanto lhe vestia o pijama ao lado de Macaquita que levava uma hora de avanço no sono mas pelo sorriso posso assegurar que estava a sonhar com algodão doce.

sábado, 16 de julho de 2016

Uma casa chamada mãe

Aproveito hoje aqui, com o testemunho de todos os que por aqui passam, reiterar o meu amor por ti. Não que tenha de provar, não se faz prova  de uma verdade absoluta, basta olhares-me nos olhos para perceberes o quanto te amo, bastava teres ouvido com atenção a minha voz nasalada, visto que não podias reparar no assomo das lágrimas, quando ao telefone me disseste que tinhas muitas, muitas saudades. Compreendo que na tua patetice de criança frágil, crente ainda em fadas, princesas, sereias e unicórnios te sintas por vezes posta de parte e me digas arreliada que gosto mais dele do que de ti. O peso que carregas, aquele que inadvertidamente te pus nas costas, é talvez demasiado para a tua ainda tenra carne, no entanto, a maturidade que demonstras sempre que te ponho à prova, diz-me que serás uma adulta resoluta e absolutamente feliz. 
Hoje e amanhã continuarás a duvidar de mim e deste amor que não divido com mais ninguém, juro que te entendo a relutância mas sei que o tempo me redimirá as falhas e a ti as dúvidas. 
Fico-me com o consolo de preferires quase sempre o meu colo, o meu abraço e os meus beijos sincronizados com esse esquema que deliberaste. 
Fica-te com a certeza que te amo sem medida porque tenho vários corações e dois deles nunca assentaram bem dentro do meu peito, ocupam todas as divisões desta casa que te abriga e a quem chamas mãe. Seis anos de amor desmedido, não tarda serei uma cidade!
Parabéns, princesa.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Macaquito o desgraçado

O telefone ainda não tinha dado dois toques e ele atende-me com uma voz desesperada.
-Ai mamã, a minha vida é muito difícil, é uma desgraça!
-Bom dia. Então conta-me lá o que aconteceu.
-Errrr.... Oooohhh.....O avô mandou-me para o quarto.
-Quer-me parecer que fizeste um disparate qualquer.
-Pois! Sabes? Eu só queria mudar a música.... e agora a mana não quer fazer as pazes... nem me dá um beijo.
-Ah! Já entendi, zangaste-te com a mana e o avô castigou-te? Eu não quero que vocês briguem, têm de ser SEMPRE amigos.
-Olha, está aqui a avó, fala com ela. Adeus!
Um piano, um desentendimento, uns empurrões, uma desgraça!!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Movimento

Este blogue também adere ao movimento EU EXIJO SER PLAGIADA.

Tumba, já somos 3!

Obssessivo? Não!

-Então macaquito, correu bem o passeio?
-Sim, escavei como um cão.
-A avó disse-me que fizeste amigos novos.
-Pois foi e escavei como um cão.
-Mas conta lá, eram meninos da tua idade?
-Sim e maiores e também escavei como um cão. O pai está aí?
-Está, vou passar o telefone.
-Então pá, foste à praia?
-Sim papá e escavei como um cão.
-Como um cão? Ou como uma raposa ou um menino, os meninos também escavam.
-Pois mas eu escavei como um cão.
-E mergulhos?
-A mana fez muitas bombas. E um triplo mortal!
-Ah ah ah Um triplo mortal? E tu?
-Também dei mergulhos e escavei como um cão. Adeus, a mana quer falar.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Praia fluvial com cheiro a mar

Ao telefone:
-Onde é o passeio hoje, macaquita?
-Vamos à praia.
-Boa! Não se esqueçam dos chapéus, óculos de sol e do protector solar.
-A avó já tem ali o que tu mandaste. Sabes? Aquele que cheira a Porto Côvo. 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Os patinhos

Há uns dia, o avô partilhou um vídeo de macaquita com quase 2 anos a ter uma conversa informal com uns patos, num lago perto de casa deles onde macaquitos adoram ir passear.
-Quá quá quá, quá quá quá... - repetia macaquita incessantemente até ao momento em que alguns dos patos resolvem levantar voo e aí foi vê-la fugir.
Enquanto via o vídeo lembrei-me de um outro e fui revê-lo. Macaquito ia feliz, carregando nas mãos meio pão de quilo, ou seja, meio quilo de pão para dar aos mesmos patinhos. A avó seguia-o na sua inocência de avó e digo inocência para não lhe chamar ignorância, ela que é uma criança crescida em certas coisas.
Continuando, macaquito corre feliz com o saco do pão, chega ao sítio, tira o pão do saco, coloca o saco em cima de um banco, deixando cair o pão. Nisto ouve-se a voz da avó.
-Espera, a avó ajuda. Vamos partir aos bocadinhos.
Ele, mais rápido, apanha o pão, chega-se ao varandim e catrapuz! Atira o pão inteirinho na direcção dos 3 patos, que imediatamente se deslocaram para um lugar seguro, provavelmente, achando que iam ser mortos à calhoada.
-Oooohhhhhh, não era assim. Devias ter esperado que a avó partisse aos bocadinhos. Agora não tenho mais. - isto num tom demasiado triste e choroso enquanto macaquito olhava para ela assentindo a cabeça só porque sim. Na verdade, para ele, o trabalho estava feito e muito bem feito. A avó senta-se no banco, pega no saco e ali permanece amuada e ele segue com os seus afazeres, como se nada tivesse acontecido.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Tretas, só tretas

Fui buscar a avaliação de macaquita, segundo a professora, é uma menina impecável, porta-se muito bem e está super preparada para ir para o primeiro ano. Só um pequeno senão...
-Ela é muito sensível.
-Sensível como? Chorona? - pergunto eu.
-Não, muito apegada a si. Muito preocupada, não sei se não será um problema. - fiquei a pensar que tivesse a ver com o dia da festa de final de ano em que chorou dilúvios cada vez que olhava para mim. - Sabe, aqui há tempos, numa altura que a senhora esteve doente em casa, passou o dia a dizer-me que tinha de ir para casa tomar conta da mamã porque a mamã precisava muito dela.
Sorri, acenei, disse que não me recordava bem mas que era possível. De seguida saí e ri-me sozinha até ao carro. Nunca estive doente em casa. Não ia dizer que desde que mudou de escola estava constantemente a preparar estratagemas para não ir à escola por detestar estar ali.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Medos

A meio do segundo toque atendeu-me.
-Mãe, não vou cortar o cabelo aí em "casa", vou cortar aqui na avó.
-Bom dia bebé, primeiro bom dia.
-Bom dia mamã, sabes vou à Cláudia cortar o cabelo.
-Fazes bem que está muito calor.
-Mas ela tem caracóis, eu não gosto caracóis e acho que vou chorar.
-Não vais nada chorar, pedes-lhe que ate o cabelo assim já não vês os caracóis dela. Tu já não choras a cortar o cabelo, lembras-te? E a Cláudia tem uns caracóis bem bonitos e tu gostas de caracóis, se te portares muito bem no fim-de-semana vamos comer caracóis.- tento tirar o foco do corte de cabelo que é algo que o deixa em pânico.
-Está bem, eu vou. Olha a mana quer falar contigo, adeus!
Suponho que hoje seja um dia animado, especialmente para a Cláudia...


E talvez para mim se a história se repetir.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Macaquito, o optimista

Ligo várias vezes durante o dia até que que alguém me atenda. Prestes a desistir, o avô lá me atende e explica que foram passear e não levaram o telemóvel, ouço-o sair de casa e entretanto já ouço também o pequeno.
-Então meu vadiola, o que andas a fazer?
-Fui à procura da avó, ela deixou as chaves na rua. Nunca sabe de nada, até podem estar no contentor do lixo, ai que eu vou ter uma conversinha muito séria com esta avó! - fala ininterruptamente até quase perder o fôlego.
Percebo que vem a falar e as descer as escadas ao mesmo tempo, o eco ressoa-me nos ouvidos e a sua voz tremelica. Apesar de ter melhorado o equilíbrio com o reajuste da medicação, mudou de óculos à pouco tempo, é provável que ainda não se sinta seguro. Cai tantas vezes e quando cai magoa-se sempre a sério, apesar de nunca ter caído numas escadas, é o que mais me assusta. Tento não passar para ele as minhas preocupações, no entanto, percebe-me a apreensão mesmo quando não digo nada.
-Espera mãe, tenho de agarrar o corrimão... As escadas são muito altas... Ai ai... Isto às vezes é difícil... Mas não te preocupes, o avô vai ali falar com os conselheiros da visão e fica logo tuuuudo bem!

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Hoje falo da seleção

Vibrou durante hino de bandeira em punho, danou-se comigo quando cantei "contra os canhões, batatas e feijões", viu uns minutos mas entretida lá nos seus afazeres ficou triste quando lhe disse que já estávamos a perder, saltou de alegria com o golo do empate e ao último penálti chorou... 




...assustada com os meus gritos.