domingo, 29 de novembro de 2015

Há sempre uma primeira vez

Pela primeira vez desde que vivo na minha casa, a árvore de Natal foi feita antes de Dezembro, macaquita precisava de ocupar o tempo e depois de 5357 "Ó mãe, vá lá!!" acedi, desde sábado que borboletas brancas se confundem com bolas azul turquesa e as luzes piscam ao lado da lareira.
Pela primeira vez desde que vivo nesta casa, o Pai Natal virou menino Jesus e temos um presépio, eles não lhe entendem o verdadeiro significado, não sou dada a religião alguma mas ela pediu que fizéssemos um e claro que acedi, passámos o fim-de-semana a trabalhar e o resultado final foi este.
Relevo que o trabalho foi quase todo dela, assim como a escolha de cores e pormenores. 





segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Apesar de tudo, cá em casa é sempre primavera.

by Macaquita


Venha o frio, a chuva, o vento e eventualmente a neve, por aqui desenha-se a cores, pintam-se pinhas e flores. 
Somos princesas, reis, caracóis e arco-íris, somos alegria, somos borboletas, somos gargalhada, somos guerra de almofadas.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Instrumentos e dicionários

Ando há uns tempos a tentar perceber o que comprar aos miúdos para o Natal e depois de ouvir macaquito, achei tão fora de comum a sua escolha que disse ao pai que lhe perguntasse, só para ter a certeza.
-Então macaquito, o que gostavas de receber no Natal? - pergunta o pai.
-Um alaúde. - responde sereno.
-Um quê??
-Não sabes o que é? É um instrumento musical, de cordas, mais oval, não é muito comum mas... - explico eu.
-Sim pai, como a viola, eu gostava de ter um alaúde para tocar.
-Mas onde é que ele foi buscar esta?
-Pois, isso é que eu já não sei explicar.
Depois de contar esta história a algumas pessoas, percebo que o meu filho é mesmo especial por saber o que é um alaúde, ou então não.

A corrida do ovo cozido

Ter dois macaquitos à mesa por vezes não é fácil, macaquito tem tão poucas capacidades motoras que é quase impossível comer de faca e garfo, fá-lo mas com ajuda constante pois a destreza é pouca e metade acaba fora do prato, como a capacidade de planear também é escassa, utilizar dois talheres ao mesmo tempo é coisa para lhe causar muita confusão. Já macaquita, comia exemplarmente aos dois anos mas agora que cresceu, "evoluiu" no sentido contrário, sempre cheia de novidades, bastam trinta segundos de distracção e lá está ela a meter as manitas dentro do prato, ou o cabelo, a inventar formas de dispor a comida no prato como se de uma obra de arte se tratasse. 
Ontem, tinha um ovo cozido inteiro dentro do prato e estava a tentar cortá-lo, só com a faca, o ovo corria a uma velocidade estonteante prato fora, o ovo desesperava à frente da faca mas estava a ganhar a batalha, ela tentou agarrá-lo com a mão mas os meus olhos deram-lhe a entender que talvez não fosse boa ideia e ela lá continuava naquela luta desigual e quase conseguíamos ouvir o ovo a rir. A dada altura, agarro-lhe na mão, ajudo-a a pegar no garfo e com ele espeto o ovo, cessando de vez aquela corrida de doidos.
-Ah! Já percebi. - disse ela, ao mesmo tempo que dava a estocada final com a faca.
-Uau, macaquita, estou impressionado! - diz macaquito com um ar deslumbrado, provocando uma gargalhada em mim e no pai.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pareço uma princesa?

No dia em que fomos ao casamento de que já falei noutros posts e enquanto nos preparávamos para a festa, o pai de gravata, a mãe com sapatos de salto que já não se lembrava de usar há 6 ou 7 anos, macaquitos com umas roupitas simples mas lindas. O vestido de macaquita era aquele vestido que compramos em tamanho 6 mas que até gostaríamos que houvesse em tamanho S.
Tomaram o pequeno almoço apenas de meias e camisola não fosse o diabo tecê-las.
-Visto-os? - pergunta o pai da cozinha.
-Não, deixa-os andar até à última. - digo antes de entrar no banho.
Quase pronta, vesti o que faltava aos miúdos, excepto o vestido de macaquita para não se amarrotar muito. Estávamos em cima da hora e enquanto terminava de me maquilhar pedi ao pai que lhe pusesse o vestido.
-Diz-lhe que venha ao pé de mim para a pentear. - pedi da casa de banho.
Apareceu pouco depois, mais bonita que de costume, olhei para ela com orgulho e pensei para mim que tive a sorte de ter dois miúdos muito giros. Penteei-lhe os cabelos loiros, sem a elogiar pois é demasiado vaidosa. Ela não perdeu tempo.
-Pareço uma princesa? - perguntou e sorriu.
-Mas... Hein....O que é que estiveste a comer? - pergunto meio zangada, meio em pânico.
-Marcador!!
Os dentes, a língua, os lábios, as mãos..... tudo vermelho, tão vermelho mas tão vermelho.
-Paaaaaiiiiiiiiii, olha-me esta miúda, vai lavar-lhe os dentes e as mãos, esfrega-a com qualquer coisa mas rápido, está na hora.
Saímos de casa a faltar 10 minutos, todos muito bonitos e ela, a protagonista maravilhosa de um conto de vampiros.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tem de ser a Catarina...

Esta história aconteceu um dia antes das eleições, acho que os putos já previam qualquer coisa.
A caminho de casa, após um ensaio no teatro. 
-Mamã, porque é que amanhã vamos almoçar à "terra do pai"?
-Porque o pai tem de ir votar.
-O que é votar? - pergunta a macaquita.
-No caso de amanhã, é escolher alguém para primeiro ministro.
-Eu acho que é o Passos Coelho. - diz a macaquita. 
-O Passos Coelho é o primeiro ministro que está agora no governo, amanhã pode ganhar ele ou outro candidato. - explico-lhes.
-Devíamos inscrever o pai. - diz macaquito.
-Para primeiro ministro? - pergunto eu.
-Sim! Ele dava um bom primeiro ministro.
-Não!- diz a macaquita- escolhemos o S.
-O S não sabe representar! - remata o macaquito.


Interessa saber: S é o encenador, foi também actor em companhias de teatro como "A Barraca", fez televisão, é maestro e uma excelente pessoa.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Argumentos

Vou buscar macaquito à escola e pedem-me que aguarde pois está no gabinete com a psicóloga. Pergunto se tem a ver com as crises de mau feitio que tem apresentado ultimamente, ao contrário da irmã que as limita ao espaço do lar, ele transpõe tudo para a escola. Respondem-me que sim, que se tem recusado a trabalhar, dizendo que não gosta da escola, que vai de férias para a casa de Porto Côvo e nunca mais volta. Sempre foi um pouco preguiçoso para a escola mas ia feliz e quando não trabalhava argumentava cansaço, tem falta de autonomia para fazer qualquer tipo de trabalho sozinho mas desde que devidamente acompanhado trabalhava. Este "não quero, não faço e eu é que mando" não é o meu filho. A psicóloga acha que ele absorve comportamentos, eu concordo e tendo em conta as birras da irmã desde que mudou de escola, encontro aí a razão. 
No caminho para casa, explico-lhes que estão ambos de castigo, ela porque se portou mal no dia anterior e ele porque hoje levou a coisa aos píncaros.
-Tenho muita pena mas vou ter passar a ser mais dura com os dois, como andam especialmente mal-comportados, vão ser castigados. Até se começarem a portar bem, estão proibidos de ver televisão.
-Podemos brincar na sala?
-Sim, podem.
-Mas mãe no outro dia tu também disseste isso e o macaquito ligou sem tu veres e esteve a ver um bocadinho.
-Se alguém ligar a televisão, não brincam e vão para a cama assim que acabarem de jantar.
-Mas mãe...
-Não há cá mas nem meio mas, quem manda sou eu, vão obedecer-me, se me responderem ou não fizerem tudo o que vos disse vão para a cama sem brincar!
Silêncio....

Silêncio....

Silêncio....

-Ouviram o que eu disse? Compreenderam?

Silêncio....

Silêncio....

Silêncio....

-Mas vocês ouviram alguma coisa do que vos disse? - pergunto já bastante irritada.
-Sim mãe mas não vou responder porque não quero ir para a cama muito cedo. - responde-me macaquito, deixando-me sem resposta.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O mapa do chichi

As primeiras vezes que falei com o pediatra de macaquito sobre retirar a fralda, ele pedia-me calma e dizia com um ar muito condescendente "Conte lá para os 5 anos". Eu, que não sou pessoa de desmotivar e muito menos de levar à letra tudo o que o pediatra me diz, fui tentando, limpei muito chichi no chão, corri com ele no ar até à casa de banho com chichi em andamento só para que ele terminasse no local correcto, andava com o bacio atrás dele enquanto brincava mas ele nunca lá se sentou ou acertou. Contra tudo e contra todos, aos 3 anos e meio, macaquito descobriu a sanita e largou a fralda, de dia e de noite. E assim foi até entrar no ensino básico.
Fazer chichi na cama é para mim o sinal de que alguma coisa está mal, quando acontece já sei que tenho de fazer investigação, visto a gabardina, pego na lupa e lá vou eu em busca de pistas. Acreditem,  não é tarefa fácil, tenho de procurar aquilo que para ele possa ser confuso ou provocar algum tipo de distúrbio emocional, invalidando todos os conceitos que tenho de normalidade, podem tirar-lhe brinquedos, roubar o lanche ou o material escolar que ele não está nem aí mas o facto de um amigo fazer uma birra na aula porque não quer ler o texto do dia ou a pessoa que habitualmente o vai buscar não ter ido nesse dia por um motivo qualquer, pode confundi-lo e muito. O que é válido para hoje, não tem de ser válido para amanhã, as frustrações podem vir da coisa mais estúpida que possamos imaginar, a maioria das vezes, não chego lá e não chegando à raiz do problema, não consigo resolvê-lo, logo o problema subsiste e o chichi também. 
Chegando ao que interessa, agora tenho um truque, informação preciosa transmitida por uma psicóloga e que com macaquito funcionou SEMPRE. Obviamente, este método serve para qualquer criança, portanto, fica a dica para pais que estejam cansados de lavar lençóis dia sim, dia sim.
Lá em casa chamamos-lhe Mapa do Chichi, na realidade, é uma espécie de calendário. Desenhamos numa folha branca um calendário com os dias da semana (pode ser semanal ou mensal) e um quadrado em branco. Esse calendário é de uso exclusivo de macaquito, quando se levanta de manhã,  a primeira tarefa é desenhar um sol ou uma nuvem chuvosa, conforme tenha sido a sua noite. A palavra chichi está proibida nas conversas, não ralhamos, não mencionamos, quando há chuva durante a noite, mudo-o e ele já sabe que tem de tirar os lençóis e colocá-los dentro da máquina da roupa. Perceber que isso implica trabalho e que esse trabalho não é da mãe ou do pai, dá-lhe motivação para se controlar. Tendo em conta a meta que lhe impusemos, normalmente semanal, se tiver muitos sóis tem uma recompensa (que NUNCA passa por presentes), escolher o jantar ou o sítio onde vamos passear. Se a chuva prevalecer, tiramos-lhe qualquer coisa que goste bastante, horas de televisão, o tempo de jogar no tablet, aumento de tarefas, sem fazer grande alarido.
Não usamos isto diariamente, apenas se houver acidentes vários dias seguidos, começamos sempre com um novo calendário e no caso dele, após um dia ou dois, está resolvido. Até hoje, nunca o punimos, no entanto, (nós, pais) já comemos MacDonalds de castigo algumas vezes à conta do Mapa do Chichi.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A fotografia

Gostava de conseguir passar para papel todas as histórias de macaquito, cada apontamento, cada graçola, cada mimo ou abraço inesperado. Costumo dizer que com ele estou sempre a rir ou a sorrir, todas as pessoas que o conhecem e com ele convivem têm uma tolice para contar. Já pensei "chipá-lo", anexar-lhe um gravador de dados, ligar-lhe uma pen 24 sobre 24, que ele até de noite tem graça.
Chego à escola e diz o porteiro "Sabe, o seu filho é tão engraçado, hoje...", vou buscá-lo à Academia e "O macaquito hoje....", vejo uma mãe de um qualquer amigo "O teu filho disse-me...", os meus amigos "O puto é demais....". Até nos dias maus e nas reacções menos boas as pessoas lhe vêem graça, eu não, sou pouco permissiva em relação ao mau feitio e à má-educação, não o desculpo com base na doença, sou dura, castigo se é de castigar mas perdoo sempre. No entanto, espero sempre o inesperado, não me envergonho de coisas que ele faz que poucas pessoas compreendem mas tenho de estar sempre atenta porque a qualquer momento sai asneira. 
No sábado, enquanto tirávamos aquela foto de grupo típica dos casamentos, macaquito ia mandando bitaites para o ar.
-Estamos prontos! Então senhor fotógrafo? Já pode tirar. Todos a sorrir. Já está? 
Finalmente a foto foi tirada e macaquito perguntou-me se podia ir falar com o fotógrafo, senhor com idade de avô (as suas pessoas preferidas), disse-lhe que sim mas fui atrás dele já prevendo algum disparate.
Arranca a correr, chega ao pé do senhor dá-lhe um abraço pela cintura, apertado e genuíno e diz na voz meiga que lhe é característica.
-Muito obrigado por nos ter tirado esta linda fotografia, fico muito grato.
O senhor embaraçado, olhava para mim e para ele sem saber o que dizer e eu sorri-lhe, peguei macaquito pela mão e segui como se não fosse nada. Mas é muito, não é? Acredito que é mais alguém que se vai recordar do meu macaquito por uns tempos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Géneros

Fomos a um casamento, estávamos na rua a conversar e macaquito no habitual périplo em busca de locais sem crianças. A dada altura vem, muito entusiasmado, ter connosco.
-Pai, pai, tens de ir ali comigo. Quero apresentar-te umas meninas. - o pai descartou-se e o tio chegou-se à frente em tom de brincadeira.
-Gajas, onde é que elas estão? Anda lá mostrar.
Passados uns minutos voltam, o tio em lágrimas, de riso.
-Mas vocês querem saber? Este puto é demais, chegou lá e diz-me "aqui estão as meninas que te queria apresentar". Eram os irmãos da noiva!!!
Sim, os irmãos da noiva, rapazes na casa dos 20 anos, têm cabelos loiros encaracolados e compridos e são muito bonitos. Daí a confusão de macaquito e o melão do tio!!